As tarifas de importação já estão representando somas significativas para o Tesouro dos Estados Unidos (EUA). Os valores somam, desde o início do ano, mais de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 554 bilhões). O montante alcança cerca de 5% da receita federal americana, em comparação com os 2% anteriormente.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, acredita que a receita anual com as tarifas será, ao final das imposições de Trump, de US$ 300 bilhões (cerca de R$ 1,66 trilhão). O valor está muito abaixo do que o país arrecada com o imposto de renda, mas é um montante considerável.
Só que a arrecadação não é o único objetivo de Trump com o aumento das tarifas, outra parte destas intervenções é ajudar a promover a retomada da competitividade das indústrias americanas. A vantagem da tática para os EUA é que, até o momento, as vantagens da taxação tem chegado sem retaliações diretas dos países exportadores e também sem as turbulências observadas inicialmente no mercado.
Neste primeiro estágio da grande guerra comercial global, o recente acordo comercial entre os Estados Unidos e o Japão é uma vitória importante para a Casa Branca. Ele irá combater a noção de que Trump sempre muda de ideia. Este panorama poderá se traduzir em outras vitórias nas manchetes da próxima semana, aumentando a euforia do mercado.
O Japão é uma peça importante na convulsão do sistema de comércio mundial. É possível, agora, afirmar que sua abordagem agressiva está gerando resultados tangíveis. Desde o princípio, o lado americano vem falando sobre as possibilidades de chegar a um acordo com o país. Estritamente falando, esta é uma vitória da técnica de Trump, e deve se tornar uma espécie de peça de dominó que leva o resto do mundo a se alinhar.
O Japão, agora, conta com o melhor acordo entre todas as nações com superávit comercial importante sobre os Estados Unidos. A tarifa geral de 15% a ser cobrada sobre os produtos japoneses importados pelos Estados Unidos é superior aos 10% do Reino Unido, mas os britânicos não detêm superávit comercial.
Tóquio estava jogando duro. Acostumados à extrema polidez do país asiático, os diplomatas de Washington estranharam a fúria dos negociadores japoneses durante as negociações. Surgiu inclusive um certo falatório de que o Japão, a UE (União Europeia) e o Canadá estariam coordenando sua retaliação conjunta. Só que este acordo suspende qualquer iniciativa nesta direção e manda uma mensagem direta para outros blocos econômicos importantes.
Fonte: BBC Mundo