Brasil: “Agro não pode arcar por retaliações sem diálogo” diz especialista

Brasil: “Agro não pode arcar por retaliações sem diálogo” diz especialista

O agronegócio brasileiro pode enfrentar tempos turbulentos com a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre uma série de produtos importados do Brasil. A medida, que tem potencial para abalar significativamente a balança comercial, tem causado apreensão em setores estratégicos da economia nacional.

O especialista em Direito do Agronegócio, Lando Battosso, do escritório João Domingos, afirma que o impacto será imediato e direto. “Produtos como carne bovina, café e suco de laranja, grandes expoentes do agro brasileiro, perderão competitividade no mercado americano com esse aumento tarifário. O Brasil exportou cerca de US$ 40 bilhões para os EUA em 2024, representando 12% de todas as exportações. Qualquer barreira adicional pode reduzir drasticamente esse volume” diz ele.

Além dos produtos do agro, outras áreas também estão sob risco, como petróleo, ferro, aço, aeronaves, papel e celulose. Só que o reflexo da medida não para por aí. A moeda nacional, o Real, pode se desvalorizar bastante conforme os investidores retiram recursos do país diante da incerteza jurídica e comercial.

Segundo Battosso, a tensão aumentou ainda mais com a investigação iniciada pelos Estados Unidos sobre as práticas comerciais brasileiras. Os focos incluem alegações de corrupção, comércio digital e supostas irregularidades no agronegócio. “Muitas dessas acusações são frágeis, com origem em discursos internos do próprio governo brasileiro, que vem promovendo uma narrativa de enfraquecimento do setor agro e má gestão de recursos”, observa.

Lando destaca ainda que outro ponto que contribuiu para o desgaste diplomático foi o anúncio, por parte do governo brasileiro, de uma nova moeda em negociação pelo BRICS, proposta sem embasamento técnico claro. A sinalização foi vista com desconfiança por outros países

Em resposta à tarifa norte-americana, o Brasil anunciou medidas de reciprocidade, o que acendeu o alerta para uma possível guerra comercial. O especialista teme que o confronto acirre ainda mais a crise e prejudique não apenas as exportações brasileiras, mas também o ambiente de negócios como um todo.

“Retaliações podem parecer uma resposta justa, mas sem diálogo e negociação, os dois lados saem perdendo. O agro brasileiro, em especial, não pode arcar com mais instabilidade. Precisamos buscar soluções diplomáticas que preservem as relações comerciais e garantam segurança jurídica para os exportadores”, defende ele.

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