Seis pessoas que aguardavam transplantes no sistema de saúde do Rio de Janeiro foram infectadas com o vírus HIV após receberem órgãos de dois doadores. O caso, revelado pela BandNews FM na sexta-feira (11/10) e confirmado por outras fontes, incluindo o Conexão Política, é o primeiro do tipo registrado no estado. Agora, o Ministério da Saúde, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), a Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina (CREMERJ) investigam o ocorrido.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ), a falha ocorreu durante a análise de sorologia dos órgãos, realizada pelo laboratório PCS Lab Saleme, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. O laboratório havia sido contratado em dezembro do ano passado, por meio de licitação, para realizar exames de sorologia por um valor de R$ 11 milhões.
A Coordenadoria Estadual de Transplantes e a Vigilância Sanitária já interditaram o laboratório, e a Delegacia do Consumidor (Decon) da Polícia Civil está à frente das investigações. A Anvisa também detectou irregularidades, apontando que o laboratório não tinha os kits necessários para realizar os exames de sangue e não conseguiu apresentar provas de que os testes foram realmente realizados. Há suspeitas de que os resultados possam ter sido falsificados.
Em resposta, o laboratório informou que abriu uma sindicância interna e que todos os exames realizados durante o contrato seguiram os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa. O MPRJ também disse que está à disposição para ouvir as famílias afetadas e prestar apoio individualizado.
O laboratório foi interditado e uma nova rodada de testes foi solicitada para todos os doadores. O incidente expôs falhas graves no sistema de fiscalização e trouxe à tona a importância de reforçar as normas de segurança para evitar a repetição de casos como este, que foi completamente inesperado e evitável.
O caso é o primeiro tipo no Brasil, conforme relatado pela infectologista Lígia Câmera Pierrotti, coordenadora da Comissão de Infecção em Transplante da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Pierrotti mencionou que o país possui um sistema avançado de triagem de infecções em doadores, o que torna esse erro alarmante.
Os procedimentos de transplante seguem protocolos rígidos, exigindo testes de sorologia para diversas infecções, incluindo HIV, hepatite B, hepatite C e outras, para garantir a segurança dos receptores. O HIV é um vírus com alta sensibilidade aos testes atuais, o que reduz drasticamente a possibilidade de erros como o que ocorreu no Rio de Janeiro.