As três listras que consagraram a Adidas como símbolo global do vestuário esportivo entraram no radar do crime organizado em Salvador, capital da Bahia. Na capital baiana, sobretudo no bairro da Pituba, o uso da marca tem sido interpretado como associação ao Bonde do Maluco (BDM), facção que atua na região.
Conforme acordo com relatos obtidos pelo portal Correio, um comerciante foi abordado na Rua Pará após vestir uma camisa com o logotipo da marca. “Ele disse: aí é três e aqui nós somos dois. Cuidado. Troquei e voltei a trabalhar. Me senti ameaçado”, contou. O “dois” citado faz referência ao Comando Vermelho (CV), facção rival com base no bairro Nordeste de Amaralina, área vizinha à Rua Pará.
Diferentes sinais visuais e códigos associados à moda têm sido ressignificados dentro da lógica de disputas territoriais entre facções e outros casos semelhantes têm sido registrados. Em Saubara, um jovem foi morto após vestir uma camisa com estampa do personagem Mickey Mouse, supostamente vinculada ao grupo “A Tropa”. Em Salvador, estudantes abandonaram uma escola após aderirem à tendência de desenhar três riscos nas sobrancelhas, que é sinal também associado ao BDM.
Em 2022, um adolescente foi executado no bairro de Águas Claras, em Salvador, após supostamente usar uma camisa com cores associadas a uma facção rival. No mesmo ano, outro jovem foi morto em Simões Filho, na Região Metropolitana, por estar com um boné cuja estampa remetia a um grupo criminoso adversário do que atua na localidade. Em diferentes bairros da capital, como São Cristóvão, Sussuarana e Nordeste de Amaralina, há registros de ameaças e expulsões de moradores e estudantes por conta de símbolos gráficos.
Fonte: Conexão Política