O Brasil caminha para ter a maior carga tributária do mundo pelo 2º ano seguido, de acordo com especialistas da área. A arrecadação do governo federal, dos estados e dos municípios bateu, em 2024, um verdadeiro recorde ao atingir 34,2% do PIB (Produto Interno Bruto). O peso maior da carga tributária ficou para o governo federal, que alcançou 21,4% do total arrecadado, com uma alta de 1,5 ponto percentual na comparação com 2023.
Apenas para fins de comparação, a média da carga tributária dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) atingiu 33,9% em 2023, último dado disponível. Em resumo o Brasil arrecadou 0,3% a mais que os ricos países da OCDE.
Só que, conforme dados da Receita Federal, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu recolher ainda mais impostos em 2025. Ainda sim, mesmo com uma nova arrecadação recorde, a expectativa é de um rombo de R$ 30,2 bilhões neste ano.
Isso significa que a trajetória crescente da cobrança de impostos no Brasil não está sendo o suficiente para assegurar o equilíbrio das contas públicas. A dívida bruta do governo geral (União, Estados e municípios) está atualmente em 77,5% do PIB.
Felippe Serigati, economista e pesquisador do FGV Agro (Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas), diz que a relação dívida-PIB está em uma trajetória insustentável e que deve levar o país a uma crise fiscal muito desconfortável. Ele afirma que “(a carga tributária) É elevada e uma consequência do gasto. Então, não tem como você reduzir a carga tributária, mantendo o gasto no nível que ele está. Na realidade, a carga tributária não tem sido suficiente para pagar os gastos”.
O economista José Ronaldo de Souza, chefe da Leme Consultores, avalia que a decisão do governo atual de assegurar ganho real ao salário-mínimo acabou pressionando o Orçamento. Para ele, também há um aumento persistente de gastos obrigatórios influenciado por essa medida com um destaque para as transferências de renda via INSS, BPC (Benefício de Prestação Continuada) e o programa Bolsa Família.
Fonte: Poder 360