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Aeroporto de Itaperuna, caro e feito para dar errado

Aeroporto de Itaperuna, caro e feito para dar errado

Foi noticiado ontem (02/01) pelo site AEROIN que o Aeroporto de Itaperuna voltará a operar voos comerciais de maneira regular. Isso é de fato uma excelente notícia para quem anseia que a cidade tenha uma ponte aérea que nos aproxime dos grandes centros. Colocado em perspectiva, a notícia reflete na realidade a desorganização geral da infraestrutura do Brasil. Esqueça a briga política local, isso não interessa ao ponto de vista defendido aqui, a questão é bem mais ampla.

O Noroeste Fluminense inteiro tem pouco mais de 300 mil habitantes, espalhados pelos 13 munícipios, sendo que Itaperuna sozinha tem 100 mil desse total. Campos dos Goytacazes possui 500 mil habitantes, já possui um aeroporto em pleno funcionamento e está a mais ou menos 100km de Itaperuna.

Não existe em qualquer outro lugar dois aeroportos com essa proximidade sem uma grande justificativa populacional, geográfica ou econômica. O que sempre impediu esse tipo de proximidade sem justificativa é a conta simples feita pelas empresas de aéreas – o custo geral de operação da aviação comercial e o fato de ser mais fácil, barato e rentável que os possíveis passageiros se concentrassem em um único local.

O que impediria qualquer pessoa de Itaperuna, por exemplo, de ir para Campos e usar o Aeroporto Bartolomeu Lisandro? Resposta simples – nada exceto a qualidade das estradas que ligam as duas cidades e o preço das passagens praticado naquele aeroporto.

A qualidade das rodovias que ligam as cidades do Noroeste Fluminense são bem ruins e para complicar a maioria delas passa dentro de áreas urbanas. Ambas as situações fazem com que o tempo de tráfego de um ponto a outro e de qualquer ponto do Noroeste até Campos dos Goytacazes seja demorado para os nossos padrões.

Os preços de voos saindo do Bartolomeu Lisandro também não são atrativos. O que determina isso é o pequeno fluxo de passageiros que usa aquele aeroporto. São apenas dois voos comerciais que saem de lá todos os dias em direção a Viracopos (São Paulo) que dividem entre si todos os custos de operação da aviação comercial naquele local. Assim, a viagem mais barata saindo de Campos é para Campinas e sai por no mínimo 1300 reais.

Ambos os fatores fazem com que a anos a preferencia geral seja por sacolejar em ônibus ou nos automóveis de passeio até uma capital caso precise viajar de avião.

Agora imagine que Itaperuna é cinco vezes menor que Campos dos Goytacazes, então qual você acha que é a possibilidade de termos um fluxo de passageiros para aviação comercial igual ao de Campos? Exatamente, nenhuma. O baixo fluxo fará com que os poucos voos que existam em Itaperuna paguem todos os custos da operação e não vai ser nada barato!

O foco do Governo Federal deveria estar em melhorar a qualidade das estradas e de preferência tirar as rodovias por completo das áreas urbanas. Quem sabe investir em ferrovias? Essas medidas por si só diminuiriam o tempo de deslocamento até Campos e aumentaria naturalmente o fluxo de passageiros do Bartolomeu Lisandro o que acabaria por derrubar o preço das passagens aéreas. Infelizmente essas são estratégias que apenas seriam possíveis em um país com planejamento estratégico, o que não é o caso do Brasil.

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