“Saúde de Itaperuna está desfalecendo e pedindo socorro desde o ano passado. Faltam medicações básicas, pagamentos atrasados. Prefeito não dá satisfação, secretário de Saúde foi convocado, mas grava vídeo e não vem à Câmara. Falta dinheiro para a saúde do município, porém, não faltou para campanha eleitoral”.
O vereador Glauber Bastos volta a desabafar, cobrando satisfação ao Prefeito Alfredão, que é acusado de ter “sumido” com o dinheiro do Hospital São José do Avaí e “segurado” o reajuste do piso nacional da enfermagem, embora o governo federal já tivesse feito o repasse desde agosto.
Alfredão não se manifesta e nem aparece na prefeitura há dias. A reportagem entrou em contato com a assessoria particular do prefeito nesta quarta-feira e foi informada que “Alfredão realizou uma cirurgia de correção de uma pequena fístula na bexiga e está em recuperação em sua casa, despachando do local; a expectativa é de retorno às atividades normalmente em dez dias”.
Enquanto Alfredão se cala, o governo é criticado até por alguns vereadores da base, que também apontam problemas na saúde e em infraestrutura. O grau das críticas atinge ao ponto de Alfredão ser chamado de “caloteiro” pelo oposicionista Alailton Pontes (Lalá): “Alfredão não tem condição de continuar no cargo”.
Lalá apela para que a população compareça à Câmara, cobre uma posição dos vereadores em relação aos desmandos: “Se houver cobrança, com certeza, nós tomaremos providência; se a Câmara quiser afastar o prefeito em 24 horas, afasta”.
O questionamento a respeito do piso é quanto à decisão do Executivo de criar uma lei para liberá-lo, quando, segundo vereadores, poderia já ter efetuado o pagamento direto, uma vez que o repasse dos recursos do Ministério da Saúde para o pagamento foi feito desde o dia 21 de agosto. A lei municipal, aprovada em primeira discussão nesta quarta, deverá voltar à pauta na segunda-feira (18) para, em seguida, ser sancionada.
Diante das irregularidades apontadas no governo municipal, a Câmara também passa a ser alvo e há expectativa quanto à apuração de possível omissão de parlamentares, que estariam blindando o prefeito, inclusive não permitindo que ele comparecesse ao Legislativo para ser questionado.
A posição de vereador que não fiscaliza o governo pode caracterizar ato de prevaricação, crime previsto no artigo 319 do Código Penal Brasileiro, atribuído a servidor público que deixa de praticar as funções de ofício. O vereador Lalá afirma que desde o ano passado vem cobrando fiscalização às ações de Alfredão.
Fonte: Jornal O DIA