Edifícios retangulares de concreto, com amplos pátios e janelas com as bordas arredondadas. Como parte da paisagem do estado do Rio de Janeiro, os Centros Integrados de Ensino Público (CIEP), apelidados de Brizolões, chegam aos 40 anos neste ano de 2025.
Uma ideia que foi considerado revolucionário para a educação brasileira, principalmente por introduzir no debate nacional um modelo que até então ainda era desconhecido: as escolas em tempo integral. O projeto recebeu assinaturas de peso. O funcionamento e a parte pedagógica foram idealizados pelo antropólogo e ex-ministro da Educação Darcy Ribeiro. Já os prédios, considerados monumentais para uma escola, foram projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
As escolas ofereciam educação integral, das 8h às 17h, aos estudantes, com refeições, além de atendimento médico e odontológico às crianças. O espaço da escola era aberto aos finais de semana e nas férias para uso da comunidade. Além disso, contava com residência temporária para estudantes em situação de vulnerabilidade.
Ao longo dos anos e de diversos governos, os mais de 500 CIEPs passaram por mudanças. Hoje, inclusive, nem todas oferecem educação em tempo integral. O modelo de ensino criado na década de 1980 entretanto, segue sendo inspiração para a educação básica de todo o país.
O modelo no qual o estudante passa mais tempo na escola e tem acesso a atividades culturais, esportivas, entre outras, é atualmente programa nacional. O Programa Escola em Tempo Integral tem como meta alcançar, até 2026, cerca de 3,2 milhões de matrículas na modalidade. Pelo Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil tem como meta, até o final deste ano, ter 50% das escolas com pelo menos 25% dos alunos em tempo integral. Em 2023, esse percentual era 30,5%.
Hoje, essas escolas estão distribuídas entre gestões municipais. O funcionamento também mudou, e o ensino integral não é mais a realidade de todas as unidades. Alguns Cieps tornaram-se Escolas de Novas Tecnologias e Oportunidades (E-Tecs), outros, escolas interculturais. Há ainda, escolas cívico-militares, que possuem parceira com a Polícia Militar ou com o Corpo de Bombeiros.
“Os CIEPs não são apenas prédios icônicos. Tiveram a maior proposta pedagógica do Brasil na década dos de 90. E a proposta em si retratava a educação integral”, diz a Secretária de Educação do Estado do Rio de Janeiro, Roberta Barreto.
Fonte: Agência Brasil