Brasil: como o pistache virou febre no país?

Brasil: como o pistache virou febre no país?

O pistache é citado logo nas primeiras páginas do Velho Testamento e como um dos melhores produtos da terra de Jacó, o patriarca bíblico posteriormente designado como Israel. Só que quem olha as vitrines cada vez mais verdes das cidades brasileiras pode até imaginar que se trata de uma novidade.

O Brasil, que não produz uma única semente, nunca consumiu tanto pistache. Até novembro do ano passado, as importações do produto já eram 80% maiores em relação a 2023. Dentre as mais de mil toneladas de pistache importado em 2024, 85% veio dos Estados Unidos, que têm batido recorde na produção ano após ano. Esses recordes de consumo no Brasil e de produção nos EUA não estão desconectados.

Embora seja nativa do Oriente Médio, onde faz parte da cultura alimentícia, a árvore do pistache tem sido cultivada em larga escala pelo agronegócio da Califórnia. Essa crescente disponibilidade de pistaches fez com que a indústria fizesse um esforço extraordinário para diversificar os seus mercados de exportação.

A árvore de pistache, uma vez adulta, pode durar até 100 anos. Isso quer dizer que, com as plantações que tomaram conta da Califórnia, o mercado começou a ser e continuará sendo inundado por pistache.

Por isso, desde 2020, o escritório de comércio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) tem desenvolvido no Brasil uma série de atividades para aumentar a visibilidade do pistache. Em um relatório de 2024, em que aponta o mercado brasileiro como um terreno fértil para os produtores, o USDA destaca a participação em feiras internacionais de alimentos, projetos com chefs influentes no Brasil, parcerias com restaurantes renomados e a promoção do pistache em aulas de culinária com mais de 40 influencers do ramo de gastronomia.

É uma campanha de marketing poderosa e que já tem sido notada há alguns anos. Não dá para explicar o quanto desse boom do pistache vem do marketing e o quanto é um movimento natural por ser saboroso, mas é possível dizer que sim, existe um impulso do capital americano para quebrar uma ‘inércia’ e ganhar o mercado.

Compartilhe este texto:

Facebook
WhatsApp