O ex-ministro José Dirceu, petista e forte aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reconhece que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não parece ter condições de ir para uma prisão comum. A percepção ocorre em virtude do estado de saúde delicado do ex-presidente frente a pena de 27 anos e 3 meses a que ele foi sentenciado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Dirceu, que passou dois anos e três meses preso, está se reabilitando na política e pretende disputar o cargo de deputado federal por São Paulo no ano que vem. “Acho muito improvável que se possa colocar presos vulneráveis no sistema penitenciário que é controlado pelo crime organizado. As condições são péssimas. E como o estado de saúde dele [Bolsonaro] está se agravando, porque parece que isso é real, eu não vejo como é que ele pode entrar no sistema penitenciário”, afirmou ele em entrevista à BBC News Brasil.

Bolsonaro está em prisão domiciliar há dois meses por supostamente tentar coagir a Justiça no processo que o julgou pela alegada tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Desde então, sua saúde vem se agravando tanto psicologicamente como fisicamente, tendo sido hospitalizado três vezes neste meio tempo.

O ex-ministro diz que Bolsonaro deve cumprir prisão domiciliar assim como já o faz o ex-presidente Fernando Collor desde o mês de maio. Condenado a 8 anos e 10 meses de prisão, o político sofre de apneia do sono e Parkinson, segundo laudos médicos.

Para Dirceu, Bolsonaro tem ainda o agravante, em sua opinião, de ser uma pessoa instável. Diferente do regime domiciliar, em que estará com a família e tratamento médico. “Me parece que ele é uma pessoa psicossomática, que vai acelerando, muito instável. Não é uma pessoa que tem autocontrole. Todo mundo sofre na prisão, todo mundo tem depressão, chora, chama a mamãe, reza”, completou ele.

Fonte: Gazeta do Povo