Brasil: Militantes do PT tentam buscar apoio em jornais estrangeiros e fracassam

Brasil: Militantes do PT tentam buscar apoio em jornais estrangeiros e fracassam

Está matéria, objetivando não alongar-se desnecessariamente, terá menos explicações e presumirá que os leitores já dominam certo arcabouço de conhecimento que permita o entendimento de seu conteúdo.

Nos últimos dias um time de militantes do Partido dos Trabalhadores (PT) começou a buscar, entre jornalistas, articulistas e intelectuais fora do país, apoio para Lula enfrentar Trump. Devido a crise entre os países, a turma está tentando obter algum apoio moral para a crescente pressão exercida pelo governo americano sob o Brasil.

A estratégia seria tentar criar um certo fluxo de matérias negativas em jornais estrangeiros sobre a postura do governo americano frente ao Brasil, afim de fazer com que Trump “amenize” o golpe. Só que até agora a iniciativa tem sido um verdadeiro fracasso. Após dias de ligações e tentativas de aproximação com grandes veículos de comunicação estrangeiros, apenas dois pequenos jornalistas aderiram a causa de Lula. O fracasso na iniciativa teria dois motivos.

O primeiro é que diversos veículos de informação alinhados com a esquerda, que operam em países ocidentais, apoiaram a eleição de Lula em 2022 esperando que ele, uma vez eleito, se aproximasse do Ocidente*. Não foi o que aconteceu. Lula assumiu e colocou-se, desde o começo de seu mandato, na posição oposta, preferindo aproximar-se de autocracias* dos países do chamado Sul Global*.

Para ficar apenas em exemplo, Lula escolheu o lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, na disputa com a Ucrânia. A opinião pública da União Europeia, por outro lado, percebe Putin como uma ameaça a sua existência e não vê com bons olhos a postura do governo brasileiro. Esse tipo de alinhamento foi fechando aos poucos as portas para Lula nos grandes veículos de comunicação do Ocidente, além de gerar desconfiança sobre as intenções de uma tão grande aproximação de seu governo com essa sorte de países.

Complica ainda mais a busca dos militantes por apoio no mundo ocidental a postura do STF (Supremo Tribunal Federal) em meio a crise. Embora a imprensa nacional não noticie com frequência, a corte brasileira também é vista com desconfiança nas nações ocidentais. Ao contrário da imagem veiculada, o STF não sofre oposição apenas entre as instituições americanas, já tendo sido desautorizado diversas vezes nas suas decisões referentes a “defesa da democracia“. A Organização dos Estados Americanos, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, a Interpol, a Suprema Corte Argentina, a Audiência Nacional da Espanha, são apenas alguns dos órgãos estrangeiros que também sido críticos a atuação do STF brasileiro na sua luta “pela democracia“.

Também não ajuda o fato de que em 2018 o PT fez campanha internacional afirmando que a prisão de Lula era com o objetivo de tirá-lo das urnas, já que ele era, naquele momento, o nome mais forte nas pesquisas do campo da esquerda. Agora, anos mais tarde, seu principal opositor, nome mais forte nas pesquisas do campo da direita, também enfrenta risco de prisão sob os auspícios do próprio PT.

Em resumo, no mundo Ocidental, onde esse jogo da pressão moral teria mais chances de fazer efeitos, não existe convicção da legitimidade da causa de Lula. Assim, embora esses países sejam ricos e os veículos de comunicação gozem de muita liberdade, a visão é de que tendo eles também que lidar com o fator Trump, não vale o risco da defesa de alguém (ou algo) em quem não confiam.

O segundo motivo é o pragmatismo oficialista que impera no meio jornalístico do Sul Global. Nestes locais, mesmo onde existe liberdade de imprensa, os veículos de comunicação preferem alinhar-se aos interesses de seus próprios governos. Por isso mesmo, em regra, a imprensa tem acreditado que sair em defesa do Brasil seria pedir para que seus países apanhassem por tabela. Eles sabem que seus governos não são ricos e que também estão tendo que lidar com o fator Trump. Uma posição muito dura contra o governo americano poderia refletir em problemas para suas próprias nações.

Basta ver como tem se comportado a imprensa dos países com os quais Lula tentou se alinhar até agora. Nenhum veículo de imprensa deles saiu irrestritamente em defesa do governo brasileiro. Nem a imprensa russa, nem chinesa, nem indiana, nem qualquer dos jornais latino americanos. Ninguém quis se posicionar em defesa da causa brasileira. Todos limitam-se a dizer que o comercio global precisa ser justo e que é importante respeitar a autodeterminação das nações. A conversa acaba por ai.

*Ocidente é um termo geopolítico usado para definir o grupo de países democráticos e desenvolvidos que, em regra, membros plenos da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico)

*Sul Global são os países considerados em desenvolvimento, não necessariamente democracias, atualmente liderados pelos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China).

*Autocracia é um sistema de governo onde o poder político é concentrado em uma única pessoa ou grupo, sem limites significativos sobre sua autoridade.

*Oficialista é um termo usado para descrever algo ou alguém que apoia o governo ou uma autoridade estabelecida.

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