A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de impor prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) causou desconforto até entre seus colegas da corte. A apuração da situação veio da insuspeita Mônica Bergamo, da Folha São Paulo.
Segundo ela, outros magistrados avaliaram que a medida foi juridicamente frágil, politicamente inoportuna e potencialmente prejudicial à imagem institucional do Supremo. Reservadamente, ministros relataram que Moraes teria agido de forma isolada e que sua determinação desestabiliza o STF justamente no momento em que a corte está sendo alvo de ataques do governo americano.
Já do ponto de vista técnico, as fontes da jornalista afirmaram que os ministros consideram contraditório o fato de Moraes ter, em decisão anterior, autorizado Bolsonaro a “proferir discursos em eventos públicos ou privados”, e agora justificar a prisão domiciliar com base em uma breve fala do ex-presidente feita por ligação telefônica. No trecho, Bolsonaro diz apenas: “Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”.
A avaliação entre eles seria de que a medida é juridicamente insustentável e que o STF corre o risco de desgaste político ao assumir, sozinho, o ônus de um episódio que repercute negativamente em diversos setores da sociedade. Internamente, cresce a expectativa de que Moraes poderá reconsiderar a decisão nos próximos dias.
Desde segunda-feira (04/08), editoriais de grandes veículos de imprensa, colunistas e representantes do setor produtivo passaram a criticar publicamente a decisão de Moraes, questionando a proporcionalidade da medida. A avaliação é de que, ao adotar uma medida de força neste momento, Moraes colocou o STF na linha de frente do embate político com Trump e acabou absorvendo parte da insatisfação causada pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil.
Fonte: Conexão Política