Em um lado do ringue, o deputado federal Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos. O principal articulador político da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), e um nada desprezível cabo eleitoral para a sucessão de Arthur Lira (PP) na presidência da Câmara dos Deputados.
Em outro, o bispo Alessandro Paschoall, coordenador nacional do Grupo Arimateia, organização interna da Igreja Universal que treina os fiéis interessados para a política. Em resumo, o braço político da IURD.
Pereira recebeu, do fundador e líder da Universal, Edir Macedo, a missão de profissionalizar o Republicanos, mesmo que isso signifique o afastamento da IURD do comando do partido. Bispo Alessandro, por sua vez, cobra do Republicanos o alinhamento aos interesses da denominação. O embate entre as duas visões diferentes, muitas vezes, conflitantes, pode determinar o futuro da denominação no partido.
A bancada da igreja encolheu na capital carioca, por exemplo. Chegou a ter cinco vereadores, vinha mantendo três nobres por mais de quatro mandatos e agora só tem dois. Já tem até deputado estadual da IURD pensando em deixar o partido para tentar a reeleição em 2026.
Nacionalmente, o Republicanos até cresceu. Em 2020, elegeu 216 prefeitos, 230 vice-prefeitos e 2.589 vereadores. Para este ano, a meta era chegar a até 400 prefeitos e três mil vereadores. Algo que atingiu com certa tranquilidade, o partido fez 430 prefeitos e 4.645 vereadores. O fermento, entretanto, só não atingiu a bancada evangélica do partido.
O resultado animou a vertente que defendeu a profissionalização da legenda, mas aprofundou a crise com a IURD. Saudosistas até defendem a volta do Bispo Rodrigues, que comandou a política da igreja em seus áureos tempos, mas foi desterrado depois do envolvimento em escândalos. Diante do possível cisma, a principal previsão, agora, é de debandada – se não da política, pelo menos, do Republicanos.
Fonte: Berenice Seara