Fonte: Site Poder 360 nos dia 07 e 08 de janeiro de 2024
O ex-deputado federal e ex-ministro das Comunicações de Luiz Inácio Lula da Silva, Miro Teixeira (PDT), 78 anos, destoa da avaliação geral da esquerda sobre o 8 de janeiro. Ele discorda que o país esteve na iminência de um golpe de Estado em 2023 e acredita que a melhor definição daquele dia é “balbúrdia”.
“Digamos que aquela balbúrdia se transformasse em golpe. Por absurdo, Lula seria retirado do poder, assim como Alckmin, Lira, Pacheco, seus sucessores. Veja como tenho razões para dizer que a democracia não esteve ameaçada: precisaria de um passo seguinte, que é declarar a vacância da Presidência. Quem faria isso? Não há um nome” disse Teixeira em entrevista.
Esse “líder”, diz Miro, não seria o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O motivo é simples: se havia a intenção de dar um golpe e aderência das Forças Armadas, teria sido feito enquanto ele ainda estava no poder e tinha as facilidades do posto.
“Não se sabe sequer se Bolsonaro seria do paladar de uma cúpula militar. E aí teriam feito enquanto ele era presidente. Seria a manutenção do poder. Em janeiro, já não mais. Se houvesse golpe, não seria para entregar o poder a ele”, disse.
O Ex-Ministro da Defesa Aldo Rebello (PDT) também contesta a narrativa de Lula de que houve uma tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. Para o ex-ministro, trata-se de uma “fantasia” entoada pelo petista e seus seguidores para manter viva a chama da polarização política e dar tração a uma aliança entre o Executivo e o Judiciário para se contrapor ao Legislativo.
“Faz bem à polarização atribuir ao antigo governo a tentativa de dar um golpe. Criou-se uma fantasia para legitimar esse sentimento que tem norteado a política nos últimos anos. É óbvio que aquela baderna foi um ato irresponsável e precisa de punição exemplar para os envolvidos. Mas atribuir uma tentativa de golpe a aquele bando de baderneiros é uma desmoralização da instituição do golpe de Estado“, disse o ex-ministro em entrevista.
Aldo comparou os ataques de 8 de Janeiro ao movimento do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), uma dissidência do MST, que em 6 de junho de 2006 também invadiu a Câmara dos Deputados. Na ocasião o movimento depredou parte do patrimônio e deixou 24 pessoas feriadas, sendo uma em estado grave.
“Eles levaram um segurança para a UTI, derrubaram um busto do Mario Covas. Eu dei voz de prisão a todos. A policia os recolheu e eu tratei como o que eles de fato eram: baderneiros. Não foi uma tentativa de golpe. E o que houve em 8 de Janeiro é o mesmo“, comparou. Na época, Aldo era o presidente da Câmara dos Deputados.
Segundo ele, a ideia de que Lula e as ações do STF (Supremo Tribunal Federal) salvaram a democracia servem a um outro propósito. Ambos enfrentam dificuldades no Legislativo. Lula teve dificuldade em aprovar pautas de seu interesse em 2023 e viu um número robusto de vetos serem derrubados. O Judiciário, por outro lado, lida com projetos de lei que visam diminuir o seu poder.
“Atribuir ao STF a responsabilidade de protetor da democracia é dar à Corte uma função que ela não tem nem de forma institucional, nem politica. Isso atende às necessidades do momento. Há uma aliança do Executivo e do Judiciário em contraponto ao Legislativo, onde o Executivo não conseguiu ter maioria. É uma compensação“, afirmou.