Enfim, o Brasil virou referência no mundo, infelizmente não uma referência positiva. Os termos “brazilification” e “brazilianization“, que podem ser traduzidos como “abrasileiramento“, têm sido usados com cada vez mais frequência para descrever o processo pelo qual países mais desenvolvidos se tornam parecidos com o Brasil.
Isso não quer dizer que eles aprenderam a jogar futebol, passaram ouvir moda de viola caipira ou incluíram a pizza de frango com catupiry em seus cardápios locais. A comparação com o Brasil quase sempre carrega um tom negativo, quando não pejorativo.
O livro “Geração X: Contos para uma cultura acelerada”, de Douglas Coupland, foi um dos best-sellers do fim do século 20. Nele o autor trata das angústias e dos dilemas da geração que, àquela época, estava na casa dos 20 anos.
Logo no início, em um capítulo que aborda a falta de oportunidades econômicas, a obra traz o verbete “brazilianization“. O significado do termo é descrito como “o abismo crescente entre os ricos e os pobres, acompanhado pelo desaparecimento da classe média“. Trinta anos depois, um artigo de Alex Hochuli, publicado pela revista American Affairs, ressuscitou a expressão.
Segundo Alex, que é especialista em políticas públicas e pensamento político, o mundo está se tornando mais parecido com o Brasil e esta é uma má notícia.
“Bem-vindo ao Brasil. Aqui as únicas pessoas satisfeitas com a sua situação são as elites financeiras e os políticos venais. Todo mundo reclama, mas todo mundo dá de ombros. Esta lenta degradação da sociedade não é tanto um trem descontrolado, mas mais uma montanha-russa nervosa, que ocasionalmente oferece promessas de ascensão, mas nunca se liberta dos trilhos”, diz o texto de Hochuli.