Uma equipe internacional de investigadores descobriu um novo antibiótico com uma potência antimicrobiana cem vezes superior à de um antibiótico conhecido desde 1965. A descoberta, feita por acaso, pode abrir caminho a novos medicamentos contra infeções bacterianas resistentes a antibióticos.

O estudo publicado no Journal of the American Chemical Society, por cientistas da Universidade de Warwick, no Reino Unido, e da Universidade de Monash, na Austrália, revela que a descoberta do novo antibiótico (lactona da pré-meticilina C) estavo escondida à vista de todos.

A molécula foi encontrada no estudo do processo pelo qual se produz naturalmente o medicamento meticilina A. Enquanto analisavam o processo passo a passo, foi encontrado o composto intermédio – a lactona de pré-meticilina C – com atividade antimicrobiana cem vezes superior à da molécula final.  Doses mínimas foram suficientes para eliminar estirpes resistentes do Staphylococcus aureus e Enterococcus faecium, responsáveis por infeções cutâneas, sanguíneas e urinárias graves e fatais.

A descoberta foi uma surpresa, disse à Nature o coautor do estudo, Gregory Challis, biólogo químico da Universidade de Warwick. Ele espera que este trabalho sirva de base a uma nova geração de antibióticos. “Esta descoberta sugere um novo paradigma. Ao testarmos os intermediários das vias de síntese de compostos naturais, podemos encontrar antibióticos potentes que estavam literalmente escondidos“, diz Gregory. 

A resistência antimicrobiana é uma das maiores ameaças à saúde global. Estima-se que 1,1 milhões de pessoas morram todos os anos devido a infeções resistentes, número que poderá atingir 39 milhões nos próximos 25 anos se não forem descobertos novos tratamentos. A resistência aos antibióticos aumentou em mais de 40% entre 2018 e 2023, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que avisa que este crescimento representa uma ameaça crescente para a saúde global.