Lembra a origem do adágio “Nem mel e nem cabaça“? Contam que um homem caminhava com duas cabaças cheias de mel quando viu numa árvore, na beira de um rio, uma colmeia gotejando mel e a cobiçou. Colocou as cabaças num barranco e fez um facho de fogo para afastar as abelhas. No alto da árvore foi ferroado no olho por uma abelha. Caiu e, sem querer, empurrou as cabaças para o rio. Só lhe restou constatar “Nem mel e nem cabaça!” A moral do provérbio é tentar ter tudo e terminar em vez disso perdendo tudo.
Quem anda nos meios políticos sabe que durante todo o ano pré-eleitoral a frase mais repetida é “isso a gente vai resolver lá na frente“. Outra também famosa deste tempo é a “tem muita água para rolar ainda“. São sentenças que escondem um objetivo claro de postergar uma decisão definitiva enquanto avalia as opções na mesa. O difícil mesmo é saber quando se encerra o tempo de reflexão. Inexoravelmente o tempo passa, as águas rolam e o lá na frente se torna o ali adiante até que a janela de oportunidade se fecha.
Quem acompanhou a política itaperunense no ano passado sabe que diversas pessoas se apresentaram como possíveis sucessores de Alfredão. Seja pelo grupo do Governo seja pelo time da Oposição, diversos nomes se colocaram como futuros candidatos. Cada um deles, sempre que era questionado sobre as condições de viabilidade básicas de sua possível candidatura respondiam com a máxima “tem muita água para rolar ainda e isso a gente vai resolver lá na frente”.
Só que o ano eleitoral chegou, as águas rolaram, o lá na frente tornou-se o ali adiante e agora a janela está próxima de se fechar. Até o final de março todos terão que ter assumido um lado e isso inclui aqueles que desejam ser o próprio lado (ou seja, ser candidatos). Quem não se viabilizou vai ter que fazer acordos e quem não se decidir terminará sendo decidido. Não há mais tanto espaço para manobras. O tempo está correndo e quem quiser tudo pode acabar ficando sem mel e sem cabaça.