Na semana passada o prefeito de Itaperuna, Nel, decretou estado de calamidade financeira na saúde do município. Segundo ele, a dívida, apenas nesse setor, chega a 200 milhões de reais. O ex-prefeito Alfredão tentou responder se esquivando da responsabilidade e levou uma saraivada de críticas. Quem mora em Itaperuna sabe o tamanho do buraco em que está a cidade.
Também na semana passada surgiu uma preocupação por parte dos aprovados no concurso público do ano passado sobre suas convocações. Esse concurso foi, e nosso jornal falou sobre isso na época, a última grande irresponsabilidade do governo Alfredão. Você que foi aprovado, não nos entenda mal, a culpa não é sua!
A questão é que a expansão do gasto público através de contratações (sejam elas por concurso ou outros meios) precisa vir acompanhada de responsabilidade fiscal. Um município que atrasou de maneira consistente os salários de seus servidores nos últimos anos, não tinha e nem tem condições de contratar permanentemente ainda mais servidores.
A argumentação geral é bem conhecida “que a prefeitura demita os servidores comissionados / contratados e chame os do concurso“. O prefeito de fato poderia fazer isso, mas o serviço público acabaria fatalmente ficando sem vigilância, sem limpeza, sem comida e sem manutenção – já que é ai que estão a maioria das contratações. Sim, o dinheiro para arrumar ruas com buracos é o mesmo que paga os salários.
Afora isso o prefeito também ficaria sem gestores experientes para coordenar as diversas áreas da administração pública. Como resultado o concurseiro continuaria insatisfeito reclamando por falta de condições de trabalho. É descobrir o pé para tampar a cabeça.
Daí termos afirmado que houve irresponsabilidade da gestão Alfredão em realizar o concurso. Encheu o coração das pessoas de esperança por um emprego estável e bem remunerado, em uma prefeitura sem recursos para isso. O choro de quem vai ter esperar uma melhora na situação fiscal para ser convocado é o mesmo choro da criança que precisa de merenda, da família que precisa de aluguel social, do servidor que viu seus vencimentos atrasarem mês após mês, do doente que precisa de remédio, da pessoa com a rua cheia de buracos, etc.
Nel, embora bem intencionado, ainda não é capaz de fazer milagres ou imprimir dinheiro e é muito importante que a ficha da população caia de vez em relação a isso.
O prefeito e sua equipe, desde que assumiram, estão tendo que dirigir, trocar o pneu, fazer a manutenção no motor e tudo isso com o carro em movimento. Não apenas isso, também está sendo necessário conquistar a compreensão de servidores, vereadores e da própria população. Um desafio que não é nada pequeno.
Uma pessoa com as ferramentas apropriadas é capaz de cortar praticamente qualquer árvore em um único dia. Agora essa mesma árvore demora anos, as vezes séculos, para crescer e dar frutos. Em resumo destruir é sempre mais fácil que construir ou neste caso, reconstruir. O povo vai precisar ter paciência para que Nel consiga organizar a prefeitura.
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