Um levantamento realizado pelo Ginga da Universidade Federal Fluminense verificou que, entre candidaturas com viés religioso no Estado do Rio, os evangélicos são maioria, com 88,4%. Em um total de 395 candidaturas religiosas, 10,4% (41) são associadas a crenças de matriz africana; e apenas 1,3% de católicos.
O cenário da capital fluminense reflete a tendência das demais cidades do Estado do Rio. Em um total de 1.021 candidatos a vereador do Rio, 16 assumiram uma identidade religiosa, sendo que os evangélicos são maioria comparativamente aos representantes de religiões de matrizes africanas. São 14 cristãos: 10 pastores, três bispos e uma missionária. Quanto aos candidatos de matriz africana, de 8.731 candidaturas, 284 estão associadas à matriz africana, 3,3%.
A pesquisa tomou como base dados do portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), redes sociais dos candidatos, através da busca por palavras-chave relacionadas às religiões, e em sites de notícias. A sondagem identificou, ainda, 157 candidaturas católicas (1,8%) e 8.290 evangélicas (94,9%).
No comparativo por estados entre os segmentos religiosos, o perfil de afrorreligiosos no universo da política eleitoral tem presença marcada na Bahia: 50 candidaturas, 17,6%; São Paulo, com 48 candidatos, 16,9%; Rio Grande do Sul, 45 concorrentes, 5,8%; e Rio de Janeiro, com 41 candidaturas, 14,4%. Os pesquisadores não foram identificados representantes religiosos nos Estados do Amapá, Roraima, Acre e Mato Grosso do Sul.
No que diz respeito ao gênero, as mulheres são maioria no segmento de matriz africana, com 63,4% candidatas. Já no universo cristão os homens são predominantes, com 71,1%; as cinco candidaturas católicas identificadas são masculinas.
Quanto à diversidade racial entre os candidatos religiosos há particularidades nos diferentes segmentos, com uma predominância dos concorrentes negros: 83% dos candidaturas; e 70,5% dos evangélicos se autodeclaram pretos ou pardos. Nas candidaturas católicas, por outro lado, há 60% de brancos.
Na análise por nível de escolaridade, entre os católicos 40% tem ensino superior completo, seguidos pelos afrorreligiosos, com 26,8%; e pelos evangélicos, 17,8%. As candidaturas de religiosos de matriz africana apresentam ainda ensino médio ou ensino superior completo em 82,9% dos casos; evangélicas, 65,9%; e católicos, todos têm, ao menos, o ensino médio completo.
No quesito filiação partidária, os evangélicos não aparecem vinculados a espectros ideológico; ao contrário dos afrorreligiosos que são mais próximos do PSOL (29,3%) e de outros partidos progressistas, como: PSB (17,1%), PDT (14,6%) e PT (7,3%).
A sondagem Ginga-UFF complementa as informações do TSE sobre religião ou pertencimento religioso, além de disponibilizar ferramentas analíticas para a compreensão dessas tendências no processo político eleitoral e do ativismo político de grupos específicos.
Os resultados das pesquisas validam a apresentação dos evangélicos como aqueles que mais se auto identificam como religiosos nas urnas. A pesquisa também sinaliza que lideranças afrorreligiosas estão mais presentes no cenário eleitoral.