Mundo: fundador do Pix vai para os EUA para criar o “Pix internacional”

Mundo: fundador do Pix vai para os EUA para criar o “Pix internacional”

Depois de mais de duas décadas no Banco Central (BC), Carlos Eduardo Brandt, um dos principais responsáveis pela criação do Pix, deixou o cargo e o país. Há três meses, mudou-se de Brasília para Washington, nos Estados Unidos, onde assumiu uma posição no Fundo Monetário Internacional (FMI) na área de pagamentos e infraestrutura de mercados.

A mudança encerra uma trajetória marcada por tradição familiar. O pai e avô dele também foram servidores do BC e por uma passagem de destaque no sistema financeiro brasileiro. Em 2021, Brandt figurou na lista da Bloomberg das 50 pessoas que moldaram os negócios globais, quando o Pix completava um ano e já havia dobrado o número de usuários.

Hoje, o sistema se consolidou como referência internacional. São 161,7 milhões de pessoas físicas, 16,3 milhões de empresas, R$ 85 trilhões movimentados em cinco anos e uso por 93% da população adulta. Só neste ano, as transações já somam R$ 28 trilhões até outubro.

No novo cargo, Brandt trabalha em projetos que tentam resolver um dos maiores gargalos do sistema financeiro mundial – as transferências internacionais. Os atuais processos ainda são caros e lentos devido a diferenças regulatórias e padrões técnicos.

Entre as iniciativas acompanhadas por ele estão: projeto financeiro da SADC, bloco de 16 países da África Austral, e o Nexus, do Banco de Compensações Internacionais (BIS). Este último é considerado uma espécie de “Pix internacional”. O sistema Nexus conecta redes nacionais de pagamentos instantâneos e está sendo implementado em Índia, Malásia, Filipinas, Singapura e Tailândia.

O avanço tecnológico inclui também as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs), testadas em dezenas de países. A expectativa é reduzir o custo de remessas internacionais, hoje em média de 6,5%. Como destacou o diretor do FMI Tobias Adrian, parte dos US$ 45 bilhões pagos em taxas poderia retornar ao bolso das famílias mais pobres.

Um dos pontos de interesse global é a diferença entre o Pix e sistemas como o da Índia, onde empresas privadas operam parte relevante das transações digitais. No Brasil, o Banco Central desenvolveu e administra o Pix. Uma decisão estratégica que garante concorrência e inclusão financeira.

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