O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), defendeu na quarta-feira (28/05) a criação de uma coalizão nacional de segurança pública para enfrentar o crime organizado. Ele pediu uma atenção especial ao Rio de Janeiro. Segundo ele, o estado se transformou num verdadeiro “polo exportador de criminosos”, com influência direta sobre a criminalidade em pelo menos 23 unidades da federação.
A proposta foi apresentada durante uma audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Helder afirmou que as ordens que antes partiam de presídios passaram a ser emitidas de comunidades cariocas dominadas por facções criminosas, como o Comando Vermelho. “Como a maioria dos estados resolveu a situação nos presídios, as quadrilhas passaram a agir sob ordens vindas das favelas do Rio”, afirmou, em entrevista.
Embora tenha dito que sua intenção não é interferir na segurança de outro estado, o governador contou que ligou para o governador Cláudio Castro (PL) para esclarecer o contexto das declarações. Ainda assim, a fala repercutiu mal nos bastidores do Palácio Guanabara. Assessores de Castro consideraram a crítica “dura demais”. Até o momento, nem o governador do Rio nem o prefeito da capital se pronunciaram publicamente.
A preocupação de Barbalho se baseia em dados da Polícia Civil do Pará, que identificou ao menos 80 foragidos da Justiça abrigados em comunidades controladas pelo Comando Vermelho no Rio. Muitos deles são envolvidos com tráfico, assaltos e sequestros, e têm atuado como elo entre o crime local e os chamados “braços” da facção em outros estados.
Operações conjuntas entre as polícias do Pará e do Rio têm resultado em prisões importantes. Um dos casos de maior repercussão ocorreu em dezembro, quando uma ação no Complexo da Penha desmontou um call center usado para coordenar atividades do Comando Vermelho em diferentes partes do país.