Está matematicamente eleito o Direitista Javier Milei como novo Presidente da Argentina. Milei, de 53 anos, derrotou neste domingo (19/11) o atual Ministro da Economia, o esquerdista Sérgio Massa. O Ministro reconheceu a derrota agora a pouco no bunker peronista.
Economista e amante de cães, abalou as eleições com propostas radicais como dolarizar a economia, privatizar empresas estatais públicas e “dinamitar” o Banco Central do país. Durante sua campanha, lançou ideias polêmicas como permitir o porte de armas na Argentina e a venda de órgãos, e criticou a educação e a saúde pública.
Porém, durante a campanha do segundo turno, Milei optou por suavizar o tom em suas posições mais extremas. Ele também gerou polêmica ao criticar duramente o papa Francisco (a quem acusa de apoiar o comunismo), ao se manifestar contra a legalização do aborto e ao relativizar a violência militar durante a ditadura.
Mas a sua crítica direta aos setores tradicionais da política argentina, a quem ele depreciativamente chama de “a casta”, foi o que o levou a se conectar com os eleitores mais jovens, insatisfeitos com o atual estado das coisas no país. Milei foi comparado a outros políticos de direita, como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e o ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro.
“Conseguimos construir esta alternativa competitiva que não só acabará com o kirchnerismo, mas também acabará com a casta política parasitária estúpida e inútil que existe neste país“, afirmou ele, com o tom beligerante que o caracteriza.
Tendo sido o mais votado nas primárias de agosto, havia a expectativa de que ele poderia vencer no primeiro turno, o que acabou não acontecendo.
Milei, que entrou na política há dois anos após se tornar famoso como comentarista econômico na TV, entrou na corrida presidencial com um novo e disruptivo discurso, que define como libertário e anarcocapitalista, e procura assim ser o primeiro economista a chegar à Casa Rosada.
Não se trata de algo menor para um país que era um dos mais ricos do mundo, mas que há anos registra uma inflação galopante, estimativas apontam que 40% da população vivem abaixo da linha da pobreza. As décadas de crise permitiram que Milei conseguisse captar o voto dos mais insatisfeitos com a situação.
“Ele conseguiu capturar o tédio dos que estão no topo, dos que estão na base, dos que estão no meio, das crianças, dos adultos, o cansaço de todos“, diz Juan Carlos de Pablo, economista da Universidade de San Andrés e amigo de Milei há mais de 30 anos.