A eleição de 2024 no Rio de Janeiro vai dar uma verdadeira lição sobre política brasileira a qualquer um que esteja acompanhando o evento. É um verdadeiro tratado sobre o perfil emedebista do eleitor médio somando a um desejo pessoal de ver governos a maneira de Pereira Passos. O prefeito da capital carioca, Eduardo Paes, representa um somatório de ambos.
Pereira Passos foi prefeito do Rio de Janeiro dos anos 1900 e seu estilo de governo consistia basicamente em urbanizar e embelezar a cidade. Passos fez tantas reformas urbanas que seu mandato ficou conhecido como Bota-Abaixo. Em resumo se alguma construção era feia, suja ou incomodava, o prefeito mandava derrubar.
Eduardo Paes parece ter sido forjado na escola Pereira Passos de ser prefeito, ou seja, ele é reformista e reconstrutor. Nos seus dois primeiros mandatos (2009-2017) fez o mesmo bota abaixo sem pena do que ficasse na frente de seus tratores. Juntamente aplicou um choque de ordem que visava organizar a capital a seu gosto.
O eleitor brasileiro, que tem um desejo ardente de viver em cidades mais bonitas e organizadas, aprovou o estilo. Paes caiu no gosto do carioca por ter dado forma a esse desejo, embelezando a capital do estado.
Agora se o desejo do eleitor são prefeitos que embelezem a cidade, por outro lado esse mesmo eleitor gosta de políticos com perfil emedebista. O MDB é um partido de centro marcado pela sua postura nada radical e bastante afeito a troca de favores.
Eduardo Paes, saído do MDB de Sérgio Cabral, possui claramente esse perfil. Ele faz o acordo que tiver que fazer e não se preocupa com o que dizem a seu respeito. Tira com foto com o presidente Lula, mas também pede o apoio de Silas Malafaia. Abraça Marcelo Freixo e logo após tira foto com Otoni de Paula.
Ao conseguir reunir as duas características ele caminha tranquilamente para ser reeleito em primeiro turno. Uma vez reeleito será o prefeito mais longevo do Rio de Janeiro – 16 anos. Período apenas interrompido por 4 anos de um mandato extremamente controverso de Crivella.