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Opinião: É tempo de Políticas Públicas para lidar com o calor em Itaperuna

Opinião: É tempo de Políticas Públicas para lidar com o calor em Itaperuna

Bom, se um termômetro público marcando 55° celsius e um apagão generalizado não te convenceu de que chegou a hora de lidar de forma coletiva com o calor em Itaperuna, acredito que dificilmente outro evento irá convencer. Claro que ninguém espera que a prefeitura ou outra instância governamental irá conseguir mudar o tempo e o clima, isso é impossível, ao menos por enquanto. Só que estratégias bem sucedidas na amenização do problema climático já são empregadas em diversas partes do mundo e chegou a hora de pensarmos em como abordar o problema por essas bandas.

A primeira estratégia que gostaríamos de propor é a mais óbvia, plantio de árvores em todo espaço urbano em que isso for possível. Não é apenas o reflorestamento. Sim isso é importante e deve ser feito de maneira concomitante. A sugestão aqui é o plantio de arvores, ainda que não implique em reflorestar. Atualmente as arvores da área urbana da cidade obedecem a uma estratégia que caminha na contramão da razão – as sombras priorizam tudo, menos o pedestre. Na Avenida Cardoso Moreira, a principal da cidade, as arvores fazem sombras nos carros e na ciclovia, mas deixam descobertos os bancos e o espaço por onde transitam os pedestres. Talvez seja hora de plantar árvores no canteiro central das praças, jardins e avenidas.

A segunda estratégia seria a instalação de fontes de água e chafarizes por diversos pontos da cidade, em particular nos trechos de grande movimento de pessoas. Itaperuna tem um chafariz, que depois de só Deus sabe quantas reformas, continua desligado. Para piorar o Brasileiro tem o mal hábito de pensar que chafarizes e fontes são para ser vistos, mas não para ser usados. Deste modo essas construções terminam sempre cercadas por grades para evitar que o povo toque na água, fazendo que o espaço perca toda a sua lógica.

Itaperuna precisa de ao menos 10 chafarizes e fontes onde as pessoas possam se refrescar esporadicamente em dias de calor extremo. Não apenas isso, esses espaços precisam vir acompanhados de sombra e de torneiras nas laterais que tenham água potável para permitir a hidratação livre da população e dos animais de rua.

A terceira sugestão é a climatização artificial de prédios públicos (e se possível de espaços públicos). A primeira parte da sugestão é simples de se executar, basta colocar ar-condicionado em todos os prédios públicos. Isso, já está claro, não é apenas questão de conforto, mas também de necessidade de saúde. No que diz respeito a climatizar espaços públicos existem diversos métodos naturais, baratos e práticos para amenizar o calor que são bem conhecidos e empregados no Oriente Médio e África – um exemplo é o ar condicionado beehive, outro é o ar-condicionado persa.

Infelizmente não podemos apenas aumentar o consumo de energia de maneira indiscriminada, considerando que hoje a prefeitura já paga mais ou menos 850 mil reais de energia elétrica por mês. Além de climatizar, portanto, é necessário também investir em geração de energia solar (ou variações) para diminuir os custos com eletricidade. Também é possível aplicar alternativas como postes de luz com placas solares, que já são realidade em diversos locais do país.

A quarta sugestão é a criação de piscinas públicas visando ampliar o lazer em dias muitos quentes. Essa talvez seja a mais “interessante” do ponto de vista sociológico, já que no Brasil, embora seja muito quente, existem poucas piscinas de uso público. Recentemente, por exemplo, a Prefeitura do Rio de Janeiro abriu para banho a piscina do Parque Lage e as críticas foram grandes. As piscinas públicas, que são comuns no exterior, aqui são um verdadeiro tabu. Ainda sim e mesmo que seja necessário criar sistemas de controle de uso e higiene, é necessário trazer essa solução como alternativa de lazer e alívio térmico para a população em geral.

A quinta e última sugestão é a mais inusitada, contratar em certas épocas o chamado avião que faz chover. Ferramenta já bem conhecida do Agronegócio, pode ajudar e muito, não só em períodos de calor extremo, como também de seca. Em resumo para provocar a precipitação um avião decola com água potável (ou outro composto natural que seja necessário), vai ao centro das nuvens onde durante um tempo joga a carga estimulando as chuvas sobre a área escolhida. O avião acelera o processo natural de formação de nuvens e contribui para a ocorrência do ciclo hidrológico natural.

Certo mesmo é entender que fazer calor não é uma questão apenas de força maior onde nada por ser feito, pelo contrário é algo que afeta a vida de todos e por isso mesmo precisa de abordagens coletivas. Ainda que não sejamos capazes de controlar o clima, é possível amenizar e contornar as suas consequências.

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