Essa semana Magdala Furtado assumiu o comando da Prefeitura de Cabo Frio após o falecimento do agora ex-prefeito José Bonifácio. Só que na hora de escolher o primeiro escalão de seu governo a nova prefeita repetiu um erro cada vez mais comum aos prefeitos do interior do estado – não ser bairrista. Não, não é o Noroeste Informa que traçou este raciocínio, foi Maquiavel a mais de 500 anos atrás. Usando de aproximação com os termos dos textos do filósofo italiano podemos dizer que a política nos nossos tempos é o mesmo que disputa por poder e disputa por poder é o mesmo que ir para a guerra.
Isso quer dizer que os aliados políticos nativos, ou seja, aqueles que são da terra seriam como parte de um mesmo exército regular e que aliados estrangeiros são como os mercenários. Maquiavel escreve sobre mercenários: A ruína da Itália não é senão o resultado da dependência dos mercenários. Eles são desunidos, ambiciosos, indisciplinados, desleais, arrogantes em excesso no meio dos amigos, covardes entre inimigos; não há temor a Deus, nem lealdade aos homens.
Ao escolher para o seu primeiro escalão figuras distantes da realidade cabofriense, ou no mínimo próximas demais de outros contextos, Magdala acabou puxando para si problemas que não são seus, pelo menos por enquanto. O advogado Victor Meirelles, que já foi Procurador Geral do Município de Itaperuna, foi escolhido para Chefe de Gabinete da nova prefeita. Só que advogado é acusado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro de improbidade administrativa durante o período em que trabalhou em Itaperuna. Para a Secretaria de Administração a prefeita escolheu Marcilene Barreto que também foi acusada, só que pelo Ministério Público Federal, de improbidade administrativa por fatos ocorridos durante o tempo em que trabalhou na Prefeitura de Campos dos Goytacazes.
É verdade que ser bairrista neste caso, ou seja, preferir para o primeiro escalão pessoas do contexto local, não significaria necessariamente melhores escolhas. Com escolhas locais, entretanto, a mensagem para o povo é bem mais clara e objetiva. A população e os próprios aliados sempre conseguem entender quando um político faz política, ainda que a escolha seja ruim. Agora o oposto não é verdadeiro e escolhendo alguém de fora, ainda que seja uma boa escolha, os aliados e a população não aceitam nada bem. Magdala, entretanto, não está sozinha neste erro. A escolha de forasteiros para postos chave em municípios do interior está cada vez mais comum.
A argumentação dos prefeitos para justificar a escolha destes outsiders para os postos de liderança de suas cidades é sempre a mesma – a teórica competência que apenas aquele estrangeiro em particular teria para o cargo. Além de ser ofensivo para com os aliados conterrâneos, já que os está chamando de incompetentes, também levanta suspeitas tão logo os estrangeiros criem problemas. A verdade é que os prefeitos sempre pensam que o forasteiro escolhido lhe será mais fiel que algum nativo que vive o dia a dia da política da cidade. É ai que reside o grande erro.
Um forasteiro nunca tem uma fidelidade mais extensa para com seu líder político do que o próprio período de governo do mesmo. Ocorrido o infortúnio da perda do poder o forasteiro rapidamente procura um meio de salvar-se e não havendo junta consigo tudo que pode retornando ao seu local de origem. Já o nativo não tem para onde ir e por necessidade luta até o fim e as vezes mesmo após o fim junto da sua liderança. Em geral o líder percebe apenas tarde demais que errou ao confiar demasiadamente no estrangeiro em detrimento dos conterrâneos que lhe acompanhavam. Em Itaperuna podemos citar três exemplos de ex-prefeitos que tem este arrependimento e no final do ano que vem, tudo continuando como está, poderemos citar quatro.
Leia abaixo sobre os dois escolhidos por Magdala na imprensa local de Cabo Frio:
Novo Chefe de Gabinete de Magdala Furtado é acusado de improbidade administrativa