Pegou muito mal a fiscalização proposta pelo deputado estadual Thiago Rangel (AVANTE) sobre repasses estaduais feitos ao Hospital São Vicente de Paulo (HSVP). O deputado apresentou nesta semana um requerimento em que questiona o uso dos recursos estaduais pelo hospital. O requerimento em si não seria nada demais, já que fiscalizar é mesmo função parlamentar, não fossem alguns detalhes.

Thiago, natural de Campos dos Goytacazes, não tem histórico desse tipo de atuação sequer em sua própria cidade, que por acaso vive agora mesmo uma crise/guerra judicial justamente por causa de repasses estaduais na saúde pública. Além disso sua aproximação com figuras da região tem sido unicamente e inegavelmente política, nada muito técnico ou vinculado a saúde pública.

Rangel inclusive é bastante próximo do deputado federal Murillo Gouvea (UNIÃO) e do próprio prefeito de Bom Jesus, Paulo Sérgio Cyrillo. Somando isso ao passeio, também político, que ele fez pela região recentemente, ficou a aparência de que seu requerimento contra o hospital também tem motivação política e não técnica ou por desconfiança contra a administração da unidade.

Aliás, a impressão geral é que a iniciativa seria, na verdade, o começo de uma queda de braço com o também deputado estadual, e atual Secretário Estadual de Desenvolvimento do Interior, Jair Bittencourt. Jair tem laços históricos com o HSVP, tendo sido justamente o responsável pelo crescimento do hospital, tornando-o, através de investimentos estaduais, regionalmente reconhecido.

Nos bastidores da política bom-jesuense a surpresa ficou por conta de Thiago ser aliado do prefeito. Nos corredores do poder é censo comum de que seria pouco provável que o deputado fizesse um requerimento contra o hospital da cidade sem antes ter no mínimo conversado com Paulo Sérgio. Considerando que o prefeito até o momento não comentou sobre o caso, o clima pesou.

Apesar de ser relativamente pouco conhecido na região, Thiago foi envolvido em uma extensa investigação da Polícia Federal (PF) envolvendo acusações de fraude, licitações, peculato, corrupção e lavagem de dinheiro. Na época, seu nome foi bastante noticiado em jornais regionais, inclusive aqui no Noroeste Informa. A operação apurava desvios de recursos públicos e contratos superfaturados, com mandados de busca e apreensão que encontraram R$ 160 mil em espécie em um carro blindado de luxo utilizado pelo parlamentar.

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