A resposta é até simples, a explicação que é complicada. Em resumo, não! A famosa Rodovia do Contorno não vai sair do papel. Ao menos não do jeito que o Itaperunense imagina. A promessa que começou por volta de 1959 ainda não tem nem previsão para ser realizada. Não é uma questão de vontade política, não é uma questão de corrupção e também não é uma questão de incompetência. O problema para a realização da Rodovia do Contorno é e sempre foi o custo da obra.
O atual traçado para o contorno da cidade, passando pelos fundos da CEHAB, Vinhosa e Aeroporto, (retratado na foto de capa desta matéria) é simplesmente muito caro para ser executado. Enquanto a prefeitura e os munícipes insistirem neste caminho irão sempre ver seus sonhos de tirar as carretas do centro da cidade fracassarem. Quando falamos do custo da obra não estamos nos referindo a um pequeno valor que com algum esforço seria alcançado. Não é disto que se trata. O custo para execução da obra por aquele caminho provavelmente ultrapassa meio bilhão de reais. Uma obra neste valor tornaria o Contorno de Itaperuna o trecho de estrada mais caro construído na história do nosso país e Brasília simplesmente não está disposta a pagar esta conta por um punhado de quilômetros.
Você deve estar se perguntando o motivo de um valor dessa magnitude na construção de uma estrada que tem apenas alguns quilômetros para serem executados. A resposta é simples – o número de propriedades e o valor dos terrenos daquela região. Nos últimos anos a cidade cresceu justamente em direção ao traçado onde seria construído o Contorno e o desgaste gerado pelas desapropriações, além do valor das indenizações, tornaram a obra passando por ali praticamente impossível.
Durante a gestão do Presidente Bolsonaro o então Ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas começou um trabalho de pavimentação e expansão de diversas estradas Brasil afora. A iniciativa reacendeu a esperança do itaperunense pela Rodovia do Contorno da cidade. Com a reforma da Avenida Central de Itaperuna a expectativa era de que, após a conclusão da obra, finalmente a sonhada Rodovia começaria a sair do papel. Ledo engano.
Embora o Ministro tivesse uma certa predileção por ampliar e reformar estradas já existentes, o ministério acabou descobrindo o real tamanho do custo e o começo da obra foi suspenso novamente. Seria mais barato abrir outro trecho de estrada do que tentar pavimentar e alargar os trechos já existentes.
Existe uma solução? Sim! A outra possibilidade seria mudar o traçado para a outra banda do Rio Muriaé, que possui mais planícies e menos habitantes, o que facilitaria a execução da projeto. Veja a imagem abaixo.
Segundo o urbanista Guilherme Fonseca, em artigo publicado para o Jornal Diário do Noroeste, uma das edições de 2013 do Mapa Rodoviário do Estado do Rio de Janeiro realizado pelo DNIT trouxe o possível novo traçado. Ele surgiria cruzando o território fluminense a partir de Laje do Muriaé, passando bem próximo a Itajara, seguindo pelo município de São José de Ubá até cruzar com a BR-356 nas imediações de Italva.
Duas críticas já foram apresentadas a este novo traçado. A primeira se resume ao fato de que uma parte da estrada teria de ser construída do zero, o que encareceria a obra. A outra crítica parte do suposto que o final do traçado não é uma BR. Ambas as questões são infinitamente mais simples de serem resolvidas do que remoção e indenização de mais de 300 proprietários no caminho pela outra margem do Rio.