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Opinião: A aposta do Secretário de Educação Oliver Barros pode dar errado

Opinião: A aposta do Secretário de Educação Oliver Barros pode dar errado

Alguns meses atrás um artigo publicado por este site informava que Oliver Barros estava preparando “secretamente” seu desembarque do Governo Alfredão. Na ocasião o secretário, atual homem forte do governo, se esforçou para abafar o caso. Natural, já que no ano anterior Oliver foi um dos responsáveis pela estratégia que colocou Murillo Gouvêa (filho de Alfredão) na cadeira de Deputado, assim como fez parte da equipe que elegeu Alfredão em 2020.

O secretário sabe, por outro lado, que Alfredão dificilmente irá conseguir se reeleger e isso o coloca em uma encruzilhada. Como membro prestigioso do atual governo ele é tão responsável pelo debacle da administração da cidade quanto o prefeito. Por outro lado, para se manter vivo politicamente, ele precisa abandonar o barco.

Oliver, para se proteger, desenhou para si um repeteco da estratégia que ele promoveu quando da sua saída da Secretaria de Saúde em 2019. Articulou um grupo de pré-candidatos a vereador que sejam fiéis a ele próprio e não ao prefeito Alfredão. Prova disso é que as pessoas da foto praticamente (quando nunca) declaram apoio aberto ao prefeito, apenas ao Secretário (basta olhar as redes sociais).

Para conseguir o feito emplacou no seio do governo o discurso de que a única maneira de captar apoiadores seria abrir as portas da prefeitura sem pedir maiores compromissos. Ao mesmo tempo, usou as portas abertas para vender aos pré-candidatos a ideia de que nenhum vereador de mandato, exceto Carlinhos Peixeiro, estaria na futura nominata. Só que Oliver não contava era com a força das circunstâncias.

Até agora apenas um pré-candidato da Oposição está completamente viável e competitivo para concorrer a eleição de 2024, Kadu Novaes. Isso significa que o desembarque do secretário, caso ocorra, teria que ser em direção ao navio de Kadu – não há outro destino para ele. Essa situação é um grave complicador da sua estratégia.

Primeiro porque sendo assim não há barganha, é Kadu ou afundar com Alfredão e não há qualquer sinal de que Novaes aceitaria o secretário em suas fileiras. Restaria para ele, afim de agradar o time do Republicanos, violar o pacto que fez com seus pré-candidatos – o de que nenhum vereador de mandato estaria junto com eles na nominata – e aceitar um dos vereadores oposicionistas nas fileiras de seu partido. As circunstâncias ruins não acabam ai, afinal o partido do qual ele é presidente, o Democracia Cristã, foi conquistado por Murillo Gouvêa, que certamente vai articular sua queda da presidência caso o rapaz mude de lado. Oliver chegou a procurar o partido REDE Sustentabilidade, mas além de ser declaradamente de esquerda, o partido está federado ao PSOL e terá que seguir essa liderança.

O secretário pode até flertar com alguma terceira via como forma de fazer pressão sobre os dois grandes lados até agora estabelecidos. A esperança seria de que o movimento geraria um convite para a mesa de negociação. O problema é que não existe mais tanto tempo para isso e os envolvidos podem simplesmente ignorar o movimento e deixar ele sinalizando sozinho. Afinal, nenhum dos pré-candidatos a vereador que o acompanham irão segui-lo em direção a derrota certa apenas para agradá-lo.

O segundo complicador é que caso ele resolva ficar ao lado do atual prefeito, também sofrerá fortes pressões sobre a organização da nominata. Isso em virtude da base de Alfredão na Câmara Municipal possuir 10 vereadores que estão desesperados para se reeleger e que não vão simplesmente aceitar perder a eleição apenas para que o secretário cumpra suas promessas. Em algum momento até abril os vereadores irão fincar o pé e exigir um espaço na nominata do partido de Oliver.

O secretário segue dizendo para os seus pré-candidatos “acalme-se que na hora certa a coisa se resolve“. O ponto é que o que marcou para ele um favor no primeiro momento, começa a marcar uma virada de jogo na outra direção. Basta para isso que Murillo exija dele fidelidade irrestrita e que o enlace com a Oposição não aconteça para que os pré-candidatos, vendo a confusão, corram para longe do secretário.

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