Em 2024 quase a totalidade dos vereadores itaperunenses terão dificuldade para se reeleger. Os motivos para isso são variados. Seja pela impopularidade do atual governo, ou as condições partidárias ou até em virtude da realidade de suas bases eleitorais, a situação dos atuais vereadores não é nada fácil.
O caso particular do vereador Marquinho, entretanto, nos chamou atenção. O vereador está em seu segundo mandato e provavelmente tentará o terceiro no próximo ano. Ele sempre foi bem votado e não duvidamos de que no próximo ano será novamente. Por outro lado, sua maior dificuldade estará, por isso mesmo, associada a suas bases eleitorais. Não que a situação estratégica do vereador seja muito melhor, mas é nos seus possíveis eleitores que estarão seus problemas.
Olhando primeiramente do ponto de vista estratégico, ele terá dificuldade de encontrar companheiros de partido. Sabemos que a maioria da população não entende o sistema eleitoral proporcional, mas quase todos já ouviram “perdeu porque o partido não fez legenda“. Essa frase é o mesmo que dizer que os outros candidatos do mesmo partido foram mal votados. Por ser vereador já com mandato, a maioria dos que pretendem concorrer a vereador tem a tendência a recusar estar com ele no mesmo partido.
Para tentar resolver essa questão, parece que Marquinho fechou uma espécie de acordo de cavalheiros com os vereadores Adenilson Zacharias e Jeffinho de Boa Ventura para que os três disputem na mesma legenda. Só que dentre os três, Jeffinho foi o único que não passou de mil votos em 2020, por isso mesmo pode se recusar a dividir legenda com os dois colegas no final das contas, procurando outro partido para si complicando o cálculo da legenda.
Agora o grande problema para Marquinho é a situação das suas bases eleitorais, que basicamente se dividem em um tripé – Retiro, Saúde e Raposo/Venâncio. Começando pelo fim, Raposo e Venâncio sempre lhe garantiram votos pela proximidade geográfica com Retiro. Só que no próximo ano tanto Raposo quanto Venâncio terão eleições extremamente polarizadas.
Em 2020 não houve polarização em nenhum dos dois locais por motivos que não iremos explorar aqui, mas em 2024 haverá e isso significa que os votos destes locais tendem a ficar para os candidatos do próprio distrito. Em Raposo o também vereador Antônio Pedro terá um grande desafio ao enfrentar o ex-subprefeito local, Emiliandro. Já em Venâncio a disputa será acirrada entre Roninho, Broquinha e o estreante Rafael Chuletão.
No campo da Saúde, por sua vez, Marquinho sofrerá com o fato de não trabalhar mais no Banco Unicred (ligado a Unimed). Sem o contato diário, o vereador perdeu este grande ponto de apoio político fora dos distritos. Outro fator que também lhe complica nesta área é o estado geral da saúde em Itaperuna (que não anda nada boa). Como ele apoia o prefeito Alfredão, percebido como o grande responsável pela situação, acaba atingido pela crise no setor.
A última perna do tripé eleitoral de Marquinho é seu distrito natal. Em Retiro do Muriaé o vereador terá dois problemas, por um lado os candidatos a vereador que se opõem a Alfredão são fortes e determinados, por outro o próprio governo ensaia lançar outros vereadores para concorrerem com ele em seu distrito. Afora isso seu nome começa a apresentar um cansaço natural já que 2024 será o quarto pleito que ele vai enfrentar.
Por tudo isso, está claro que a situação do vereador não é nada fácil e o próxima será provavelmente a eleição mais difícil que Marquinho já enfrentou.