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Opinião: Nem certo, nem errado. Muito pelo Contrário

Opinião: Nem certo, nem errado. Muito pelo Contrário

Certa vez conversando com um vereador que tinha acabado de perder a eleição ele disse “ainda bem que consegui terminar o segundo andar da minha casa, agora que perdi a eleição não iria conseguir mais” ao fim da conversa meu acompanhante cochichou comigo “se ele não tivesse feito o segundo andar da casa tinha sido reeleito“. A mensagem para mim era clara, suas prioridades definem seu futuro. O vereador derrotado havia gasto tempo, energia e recursos que se tivessem sido empregados na própria eleição ele teria sido reeleito.

Não é que o vereador estivesse certo ou errado, ele apenas definiu que a prioridade era terminar a própria casa e não vencer o processo eleitoral. Quando soltamos a análise do ocorrido político entre domingo, 23/07 e terça-feira, 25/07, (Leia sobre aqui, aqui, aqui e aqui) alguns leitores afirmaram que ela era excessivamente positiva para Kadu Novaes e excessivamente negativa para quem negociou com o governo Alfredão. Realmente. Fizemos uma análise apenas da perspectiva política, ou seja, dentro da ótica de quem procura ter poder político e não sob a ótica de quem procura outras coisas como terminar o segundo andar da casa.

Quem precisa do salário no final do mês de fato não pode se dar ao luxo de ficar fazendo política. Como no diálogo do início do texto, entretanto, isso é o mesmo que trocar o futuro pelo presente – 8 meses por 4 anos para ser mais exato. Onde, você deve se perguntar, nossa análise se baseia para afirmar que politicamente aproximar-se do Governo Alfredão é ruim? Ou que Alfredão tenha grandes chances de perder em 2024? Bom, da para ver isso nas circunstâncias atuais e na história da cidade, o que já deveria bastar inclusive.

Nos últimos anos Itaperuna criou um histórico muito forte de não reeleger prefeitos e nem votar em candidatos governistas. O último superar esse estigma foi Péricles Oliver de Paula ao se reeleger em 2001 e fazer um sucessor em 2004, depois disso nenhum outro foi capaz. Nem Jair Bittencourt, nem Claudão, nem Paulada, nem Alfredão, nem Alexandre da Auto-Escola, nem Rogerinho e nem Marcos Vinícius. Todos fracassaram no intento de se manterem no poder mesmo tendo controlado a máquina em algum momento anterior a eleição.

Para complicar a situação de quem hoje apoia Alfredão a avaliação geral do governo é muito ruim e o próprio prefeito ficou desaparecido por mais de um mês. Olhando o cenário da Câmara Municipal e dos vereadores a coisa piora. A base do governo possui hoje 11 vereadores e a última vez que a máquina elegeu mais de 6 vereadores foi no distante 2008. Isso significa que se tudo der certo para o prefeito de agora em diante e a história seguir o mesmo rumo provavelmente 5 dos atuais vereadores que apoiam Alfredão vão terminar 2024 sem mandato. Agora imagine que se 5 vereadores vão terminar 2024 derrotados, o que vai acontecer com quem entrar, como dizem, apenas para encher linguiça?

Também não adianta dizer que agora eles tem Deputado Federal. Em 2016 este mesmo grupo político controlava uma Universidade, a Comissão de Saúde da ALERJ, a Prefeitura de Itaperuna, a Secretaria de Agricultura do Estado, a Câmara Municipal e ainda tinha um Deputado Estadual – no final perderam de carroçada. Alfredão é folclórico, mas não é popular como Claudão. O Deputado Federal Murillo Gouvêa até se parece com Péricles, só que apenas nos defeitos, não possuindo nenhuma das suas qualidades. Jair Bittencourt, por sua vez, está distante da confusão em que entrou a Prefeitura de Itaperuna, além de ser frio o suficiente para não se envolver mesmo dando tapinha nas costas e dizendo estamos juntos.

Em resumo, aproximar-se de Alfredão para terminar o segundo andar da casa é uma ótima estratégia, mas para vencer as eleições não. Nada disso é simplesmente em virtude de Kadu Novaes ter a simpatia deste site, é apenas a história da cidade e para 2024 não existe nenhum sinal de que ela será diferente.

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